O impeachment representou um duro golpe na trajetória de
redemocratização do país iniciada em 1985 e ainda não concluída. Uma
presidente, cheia de problemas de perfil administrativo, eleita por 54 milhões
de votos, foi apeada do governo, fazendo emergir a superfície da política
nacional indivíduos conservadores, religiosos e belicosos carregados de
corrupção e polêmicas.
Particularmente penso que este temeroso governo interino se tornará permanente, seja lá um desastre ou não.
O peso da eleição de 2018, supondo que certas questões democráticas ainda continuem na ordem da nação, torna-se central. Se não existe governo de esquerda, é necessário construir um capaz de aderir ao máximo de agendas do campo da esquerda.
Qual o macrocenário político para esse campo, entre agora e as
eleições de 2018?
Os anos 14 anos de governismo desmontaram discursivamente o Partido dos
Trabalhadores que acabou envolvido em corrupção e inércia estratégica do
governo, ao seu final. Se por um lado o impeachment apeou o PT do governo,
devolveu-lhe parte do discurso corroído. Contra o partido “organização
criminosa” colada no imaginário da direita, aparece um partido combativo,
surgido como oposição, posição ocupada em metade de sua vida (volta a ser
classista, ao menos no discurso). Ainda mais quando o temeroso governo interino
(e ilegítimo) toma, como primeiras medidas, recados políticos contra segmentos
progressistas na estrutura governamental, a redução dos programas sociais e
assim vai. Em geral, o PT envolve-se, majoritariamente, em composições com
outros partidos classistas, como o PC do B e o PDT. Trata-se do polo A.
Por outro lado, o impeachment deu vazão a novos partidos políticos e que também
estão posicionados contra o Golpe. A defesa da democracia proporcionada por
artistas, movimentos sociais, estudantes, mulheres acena para um crescimento de
uma esquerda movimentista: PSOL, Rede, o Raiz, o Partido Pirata (os dois
últimos em processo de legalização) (até mesmo o PC do B poderia fletar nesta frente). Da mesma maneira, a sede conservadora que
tem sido demonstrado nesses dez dias de interinidade, atacam avanços simbólicos
e normativo-legais (mesmo que pouco, ainda) de movimentos como os das mulheres,
dos negros, os vinculados a orientação sexual, ambiental e às expressões das
juventudes, pondo em risco liberdades individuais e coletivas. A grande questão, ao menos pra mim, é acatar a liderança de Marina Silva, a versão feminina de Aécio Neves. Trata-se do polo
B.
Num polo C temos partidos mais ligados a sindicatos: O PCO, PSTU, PCB. Os três pequenos da extremidade esquerda do espectro político brasileiro.
Podemos dizer que existe certa possibilidade de um polo de centro
direita e centro esquerda alternativo, capitalizado pelo PDT e PSB, quem sabe
possa agregar o PV. É o polo D. Tal possibilidade enfraquece o polo A.
O que esse cenário comum de lutas pode conformar como inovação nas eleições
gerais de 2018 para o campo da esquerda? O ideal, porém irreconciliável, seria
uma grande frente de esquerda classista e movimentista em torno do polo A, B e
D. Não tenho ciência da possibilidade de adesão do polo C.
Assim, o que se esperar é de três a quatro frentes de centro-esquerda
e esquerda, unificadas sob o discurso do desmonte da Constituição de 1988 –
objetivo central da pauta liberal e conservadora tupiniquim – a disputar a
hegemonia.
Tradicionalmente, o polo A sempre conseguiu mobilizar em torno de 20% do eleitorado, no mínimo. Como se viu nas duas últimas eleições, uma possível frente composta pelo polo B poderia alcançar 20% dos eleitores. Quanto ao polo C, apesar de assistir algum crescimento, não acredito em algo superior a 3%. O polo D poderia atingir até 10% do eleitorado.
Tradicionalmente, o polo A sempre conseguiu mobilizar em torno de 20% do eleitorado, no mínimo. Como se viu nas duas últimas eleições, uma possível frente composta pelo polo B poderia alcançar 20% dos eleitores. Quanto ao polo C, apesar de assistir algum crescimento, não acredito em algo superior a 3%. O polo D poderia atingir até 10% do eleitorado.
Que dizer, é possível que metade do eleitorado nacional na eleição de 2018 se posicione em torno de alguma dessas frentes.
Porém, inexiste no campo progressista um entendimento sobre uma agenda política que promova unidade. No Uruguai, por exemplo, a Frente Amplio, criada em 1971, é composta por partidos políticos comunistas, socialistas, socialdemocratas e centristas. Um documento converge essa pluralidade em unidade.
Diversos cenários se desdobraram dessa situação: todos com sérias implicações
na tão desejada consolidação de uma frente de centro-esquerda unida em torno de
agendas progressistas conformadas na pluralidade, com agenda definida e comum
ao centro. Como afirmei no inicio a eleição de 2018, tende a ser extremamente
importante para a consolidação de novidades no campo político e partidário da
esquerda.
O ano de 2018 indica a possibilidade, ainda, de experimentarmos duas extremidades mais radicalizadas em destaque, como já vem ocorrendo mundo a fora. Nessa nova polarização, uma da direita outra da esquerda, os partidos como PMDB, PT, PSDB podem ser punidos pelos eleitores.
Fica a sugestão de conhecer esses partidos e procurar convergências:
PT - http://www.pt.org.br/
PC do B - http://www.vermelho.org.br/
PSOL - http://www.psol50.org.br/
RaiZ: http://www.raiz.org.br/
Piratas - http://partidopirata.org/
REDE - https://redesustentabilidade.org.br/
PDT- http://www.pdt.org.br/
PCO - http://www.pco.org.br/
PCB - http://pcb.org.br/portal2/
PSTU - http://www.pstu.org.br/