Fora Temer

Fora Temer
Fora Temer

sábado, 6 de junho de 2015

Cesaria Evora

A grande mulher cabo-verdense!
Voz de atiçar pelos e epiderme.
Estimada artista desta língua lusa!

Desfrute sua voz, levada ao grande reino das inesquecíveis vozes em 2011!
Visite: http://www.cesaria-evora.com/pt/actualite/

Cesaria Evora - Besame Mucho
 Cesaria Evora - Sodade
 Cesaria Evora - Petit Pays
 Cesaria Evora - Lua Nha Testemunha
 Cesaria Evora - Mar Azul

Cesaria Evora - Angola

BÔNUS TRACK Salif Keita & Cesaria Evora: Yamore

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Para Eduardo Cunha, com Amor.



Once upon a time when the hot sun faded behind the mountains
The shadow of a strong man. With a gun in his hand,
Raised protect the poor people of the haciendas,
They called him: "El Justiciero"








Brasília: a Terra do Nunca.

As crianças do congresso, capitaneadas pelo aborrecente Eduardo Cunha, o bully, ganharam na amarelinha da Dilma, levando uma PEC da Bengala.

A PEC da Bengala, essa urgência urgentíssima, servirá para diminuir os ímpetos bolivarianos do PT, esse partido que não ganha nem votação pra sindico, mas, está misteriosamente levado o Brasil ao comunismo de tipo Venezuelano!

Essa é uma preocupação muito atual, uma vez que temos o resultado que temos no mensalão: um monte de gente presa, numa corte de maioria indicada por Lula.

É isso gente. Enquanto o PT só pensa naquilo, isto é, comunizar a todos, o governador (rsrs) Beto Richa, representante dessa honesta altiva, ativa e cheirosa elite, ganha da Assembleia do PR Prêmio Amigo do Trabalhador.

Graças a PEC da Bengala, o país dá dois passos atrás na sua vermelhização. Cunha e seus miquinhos amestrados, a melhor banda da zona do Baixo Clero, já merecem seus rostos nas panelas dos cavalheiros e damas democratas.

Mas, cuidados!!
Amanhã, senhores de bengala poderão iniciar protestos contra a alcunha da lei. 

...

Com Amor!
Eduardo, o aborrecente, junto com e-nor-me parcela moral do país, birraram com a presidente. Não jogam mais com ela (O amor de Eduardo é brincar de parlamentarismo, junto com a caixa baixa).
Suas pautas afiadas fazem brotar deste quinhão brasileiro futuros campos de lares cheirosos em meio ao deserto do futuro.
Os trabalhadores te saúdam, Oh Terceirizador!
Óh enjaulador de menores aloprados!


Homem bom...
Homem de bem...
Socuerro, El Justiciero
¡Ajuda-me por favor!

quarta-feira, 22 de abril de 2015

As dimensões Risco e Incerteza nas políticas públicas;

O Youtube e Noticiários comprovam: passamos de consumidores de filmes como o eletrizante clássico “Twister”, dos anos 1990, para atores de cenas realísticas de alta intensidade que nada devem a ficção. Em minutos, ventos de até 250 km/h arrancaram edificações, plantações, patrimônios naturais, culturais e sonhos de trajetórias individuais e familiares em Xanxerê e Região
.
E daí, automaticamente aparece em minhas memórias, cenas de 1983 e 1984, botes, helicópteros, lonas e uma visão privilegiada do alto do morro da Igreja de Riachuelo, em Lontras, SC. E lembro-me de nosso 2008, tão vívido e impactante ainda, como tinta de uma casa recém pintada na cor barro vermelho.

E chego a uma hipótese: se o Vale é do Itajaí, quem comanda são os homens e mulheres firmes na ilusão de uma falsa segurança, balizada pela dominação de agentes econômicos, científicos, políticos e intelectuais com poder de apontar uma Modernidade de progresso. Coisa démodé.

Beck discute a diferença entre Risco e Incerteza, do ponto de vista sociológico. O que aconteceu em Xanxerê é um fenômeno carregado de incertezas – o segundo grande tornado catarinense, o primeiro foi o Catarina (2004), ambos sem registros anteriores – diante de um cenário de intervenção humana radicalizada sobre a paisagem natural e cultural.

Um morro sempre teve a probabilidade de deslizar, Mas, quando centenas de casas construídas, traz consigo cenários de incerteza e insegurança que acompanha tal ocupação, ampliando os riscos possíveis.

Quer dizer, estamos numa época em que decisões políticas precisam ser tomadas; e ações iniciadas; baseadas em alto custo socioeconômico.

Risco e incerteza dependem, em grande parte, de conhecimento perito, informação e poder, assim como a capacidade de definir as políticas públicas e quais serão suas dimensões. Já dissemos que a Modernidade, em razão dos agentes que dominam a cena pública contemporânea, incute um futuro ainda repleto de ilusões, com mais benefícios que riscos.

Um grande problema no campo dos governos é a ausência dessas dimensões – Risco e Insegurança – nas grandes obras e ações de planejamento urbano de nossas sociedades, ávidas agora por especular com imóveis e terrenos ou ganhar dinheiro via monocultura intensiva de latifúndio. Apesar disso, elas se impõem cotidianamente, como comprovam todos os desastres socioambientais onde pudemos observar o despreparo de autoridades e sociedades para a prevenção e enfrentamento dessas incertezas e riscos.

Como se disse, no caso das políticas públicas, nem todos podem participar das discussões de quais serão as dimensões eleitas e incorporados por tais políticas. Trata-se de um tipo de recurso ou poder, que legitima dominações. Estão cegos os que jogam para o futuro decisões políticas de custo presente, apenas por continuidade de projeto político.

Uma região como a do Vale do Itajaí deveria possuir um consórcio incluindo todos os municípios a fim de harmonizar políticas comuns contra nossos riscos de enchentes e deslizamentos, no cenário de modificações urbanas que trazem incertas e inseguranças, tamanha a intervenção humana.  Parte da ação depende do envolvimento da sociedade civil. Não será difícil, como demonstram pesquisas que apontam para a capacidade associativa nas cidades do Vale do Itajaí. Falta o associativismo tornar-se rede, sair do “cada um no seu quadrado”.

Entre as futuras pautas d@s futur@s candidat@s a vereador(a), prefeit@, em 2016, é preciso políticas públicas de enfrentamento a riscos e incertezas socioambientais e culturais em todas as políticas públicas. Se existem políticas sociais e setoriais, como elas incorporarão o risco e a incerteza, seja ela uma política de desenvolvimento ou assistência social.

As incertezas ampliadas pela ação humana estão ausentes do debate político e social. Nossos administradores, nesse quesito, estão desqualificados, lesionadores do futuro que são em suas motivações egoístas.

BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony; LASH, Scott. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1997. 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

a parcialidade do tema corrupção.

Vale a pena dedurar a turma dos "Homens de Bem".
A indústria de notícias brasileira é parcial no trato em relação a corrupção.
Devemos, como cidadãos, demonstrar o oportunismo e a falta de descaramento sobre o assunto.
Segue, uma foto de probos num momento de comoção nacional de coxinha gordurosa.
Matéria do Joenal GGN, aqui.


1 - Aécio Neves (PSDB)
O neto de Tancredo Neves que construiu um aeroporto de R$ 14 milhões no terreno do tio-avô já foi questionado na Justiça sobre o paradeiro de mais de R$ 4 bilhões que deveriam ter sido injetados na saúde de Minas Gerais. O caso Copasa contra o ex-governador foi engavetado. Destino semelhante tiveram as menções a Aécio na Lava Jato. O tucano foi citado por Alberto Youssef como beneficiário de propina paga com recursos de Furnas. Para o procurador-geral da República, isso não sustenta um inquérito. Rodrigo Janot também cuida de outro escândalo que leva a Aécio, sob a palavra-chave Liechtenstein (um principado ao lado da Suíça). Investigando caso de lavagem de dinheiro, procuradores do Rio de Janeiro chegaram a uma holding que estava em nome da mãe, irmã, ex-mulher e filha do tucano. Esse inquérito está parado desde 2010 na gaveta do Procurador Geral da República.
2- Agripino Maia (DEM)
Presidente do DEM, Agripino Maia foi dono das expressões mais sugestivas de defesa da luta contra a corrupção. "Chegou a hora de colocar o impeachment [de Dilma Rousseff]", disse no encontro com os manifestantes anti-governo. O senador tem em seu currículo a acusação de receber R$ 1 milhão em propina, em um esquema que envolvia a inspeção de veículos no Rio Grande do Norte, entre 2008 e 2011. Coordenador da campanha presidencial de Aécio, o democrata, em 2014, teve seu caso arquivado no MPF pelo ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel. Mas foi reaberto há sete meses por Janot, e agora está sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF).

3- Ronaldo Caiado (DEM)
O senador Ronaldo Caiado (DEM) é associado ao bicheiro Carlinhos Cachoeira por supostamente ter recebido verba ilícita nas campanhas de 2002, 2006 e 2010. Cachoeira foi denunciado por tráfico de influência e negociava propinas para arrecadar fundos para disputas eleitorais. O bicheiro foi preso em 2012 por operação da Polícia Federal que desbaratou esquema de adulteração de máquinas caça-níquel. Caiado foi citado nesse contexto, recentemente, por Demóstenes Torres. Ele teria participado de negociação entre Cachoeira e um delegado aposentado que queria ampliar esquemas de jogo ilegal. Até familiar do democrata já foi alvo de denúncia. O pecuarista Antônio Ramos Caiado, tio de Caiado, está na lista suja do trabalho escravo.

4- Roberto Freire (PPS)

Uma das principais acusações que pesam contra o presidente nacional popular-socialista é de envolvimento com o Mensalão do DEM. A diretora comercial da empresa Uni Repro Serviços Tecnológicos, Nerci Soares Bussamra, relatou que o partido praticava chantagem e pedia propina para manter um contrato de R$ 19 milhões com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, comandada pelo deputado Augusto Carvalho. Freire teria sido beneficiado no esquema.

5- Paulinho da Força (SD)
O presidente do Solidariedade, segundo autoridades policiais, participou de esquema de desvio de recursos do BNDES. Um inquérito foi aberto no STF para investigar o caso. Em 2014, a Polícia Federal também indiciou a sogra e outras duas pessoas ligadas ao deputado federal sob suspeita de falsificarem assinaturas para a criação do Solidariedade. Gilmar Mendes conduzirá, ainda, a apuração em torno da suposta comercialização de cartas sindicais (uma espécie de autorizações do Ministério do Trabalho para a criação de sindicatos) por Paulinho, dirigente da Força Sindical. Consta nos registros que cada carta era vendida por R$ 150 mil.
6- Mendonça Filho (DEM)
Em fevereiro de 2014, Mendonça se envolveu em uma polêmica por querer indicar deputado acusado de duplo homicídio pelo Supremo Tribunal Federal para presidir a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Julio Campos (DEM), ex-governador do Mato Grosso, afirmou que Mendonça teria dito que a indicação era uma "homenagem". O deputado federal de Pernambuco já foi preso pela Justiça eleitoral sob acusação de fazer carreata no dia de votação, mas o STF decidiu que não houve crime eleitoral. Um documento da Operação Castelo de Areia citava contribuição suspeita de R$ 100 mil da Camargo Correa a Mendonça, para sua tentativa de ser prefeito do Recife. Ele admitiu que recebeu R$ 300 mil da empresa, mas alega que foram doações dentro das conformidades.
7- Carlos Sampaio (PSDB)
O deputado mais votado da região de Campinas (SP) recebeu R$ 250 mil de uma empreiteira envolvida no esquema de corrupção da Petrobras investigado na Operação Lava Jato. Sua última campanha arrecadou, oficialmente, R$ 3 milhões. Não há comprovação sobre a lisura da doação. Sampaio, coordenador jurídico do PSDB e autor do pedido para que Aécio fosse empossado no lugar de Dilma Rousseff, teve reprovada a sua prestação de contas referente às eleições para a Assembleia de São Paulo, em 1998, e às eleições municipais de Campinas, em 2008.
8- Luiz Penna (PV)
O presidente do PV também aparece um tanto escondido na fotografia. Irregularidades já remetidas à prestações de contas do partido incluem seu nome. Em 2006, por exemplo, boa parte dos R$ 37,8 mil gastos em passagens aéres e R$ 76,8 mil com diárias de campanhas eleitorais foram atribuídos a José Luis Penna. Na época, servidores do TSE apontaram ausência de documentos que comprovassem os gastos e uso de notas frias, indicando empresas fantasmas que teriam prestado os serviços. O corpo técnico do Tribunal sugeriu a rejeição das contas do partido de 2004, 2005 e 2006. O deputado federal respondeu a dois processos judiciais, um pelo TRE-SP, rejeitando a sua prestação de contas à eleição de 2006, e outra pelo TSE reprovando as contas do PV de 2004. 
 
9- Flexa Ribeiro (PSDB)

O hoje senador já foi preso pela Polícia Federal em 2004, na Operação Pororoca, por fraude em licitações de grandes obras realizadas no Amapá. Foi acusado de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, tráfico de influência, peculato, prevaricação, usurpação de função pública e inserção de dados falsos em sistema de informações.

10- Antonio Imbassahy (PSDB)

O deputado federal tucano era prefeito de Salvador em 1999, quando contratos suspeitos foram assinados com as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Siemens, que formavam o consórcio responsável pelo metrô da capital baiana. O Ministério Público Federal investiga o superfaturamento nas obras, que gira em torno de R$ 166 milhões. Até agora, dois gestores indicados por Imbassahy à época e duas empresas foram indiciadas. O tucano é o vice-presidente da CPI da Petrobras, que investiga desvios de verbas da estatal, onde diretores da Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa também aparecem como réus. Imbassahy foi acusado pelo PT de se aproveitar do posto na CPI para pedir documentos à Petrobras e vazar para a imprensa. 
11- Beto Albuquerque (PSB)
Ex-colaborador do governo Tarso Genro (PT) no Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque (PSB) foi envolvido na intriga que rendeu a queda do então diretor-geral do Departamento de Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) José Francisco Thormann. Thormann se antecipou a uma demissão após a imprensa local ter revelado que ele viajou à Suiça às custas de uma empresa privada subcontratada para fazer obras no Estado. Em nota de defesa, Thormann afastou suspeitas sobre o fato, e revelou que Beto Albuquerque, quando secretário de Infraestrutura do Estado, também fez viagens ao exterior bancadas por empresas que detinham contratos com o poder público. Quando a notícia surgiu, Beto já não era secretário - tinha deixado a gestão petista para reforçar a bancada do PSB na Câmara Federal.

sábado, 4 de abril de 2015

Redução da Idade Penal: simplificação tipo água na bunda.


A humanidade funciona com base na “água na bunda”. Quanto mais próximo de molhar-se, vêm as ações contrárias a essa umidificação anal.

No solo tupiniquim, vem aí mais uma “água na bunda” reforçando nossos Auschwitz´s: a maioridade penal. O PSDB trouxe a tona uma vontade coletiva, aprovadissima pelos brasileiro, visando agravar ainda mais o fosso social: a UNICEF diz que, por dia, são assassinados 16 adolescentes.

E eles é que são os criminosos!

Mesmo sabendo que num nível psíquico, social e cultural, os adolescentes de hoje não são os de ontem, que os limites do que é ser “sujeito adolescente” trabalhem incessantemente como placas tectônicas, essa não pode ser uma discussão deixada tão somente aos 300-400 achacadores da República instalados no Congresso Nacional. É preciso a sociedade discutir e entender as suas implicações 

Neste caso, vale a pena ler este artigo sobre a história da idade penal no Brasil, feita por FERRAZ

Motivações e listagem de questões visando a manutenção atual da idade apta a cadeia, com dados, estudos e estatísticas, não faltam. Pode-se ver aqui ou aqui alguns desses. Grandes defesas contra a redução da maioridade penal foram escritas, como esta da Eliane Brum 

Rolou um “Profissão Repórter”, do Caco Barcellos sobre o tema; Assista!! 

Já fui assaltado duas vezes em minha vida de 36 anos: nelas, não pedi a identidade, mas, suponho, tinham entre 16, 17 ou 18 anos. Sei lá. Poderiam ser “di maior”. O que se sabe é que o tema é um lamaçal humanitário, mas embasado em medo e preconceito, do que em razões racionalizadas. Teve deputado tucano que comparou o Estatuto da Criança e do Adolescente como justificativa para a existência de adolescentes radicais do estilo ISIS – sim, a vanguarda radical famosa por cortar cabeças. Para a sociedade brasileira, com antas não se discute; se abraça. Tornou-se um mito

Num mundo onde se dá muito IBOPE aos Datenas da vida, programas que cheiramazedo, tudo o que esses pequenos monstrinhos fazem é cometer crimes hediondos. Porém, estatísticas apontam que a ampla maioria dos crimes cometidos por esses adolescentes eram patrimoniais, ou seja, foi como eu: perdi a minha mochila de 10 reais, o pão que estava nela, a sombrinha e um casaco. Cada IPHONE roubado é uma lenha nessa fogueira da inquisição.

No mundo os países adotam penas para menores de idade a partir de distintas configurações. Aqui tem uma tabela comparativa muito boa para entender esse campo num olhar mais abrangente. 

O Uruguai (ah, o Uruguai) rejeitou em plebiscito uma proposta que reduzia de 18 para 16 anos a idade penal. 

Nos EUA, ocorre um movimento de ampliação da idade penal. EUA e Inglaterra, países com 10 anos de idade penal mínima, agora, tem sua sociedade civil rediscutindo, pela inocuidade da ação. 

Não tenho dúvidas que o Congresso Conservador, da Bala, Evangélico, Midiático e militarista irão vencer esta batalha. Caberá às futuras gerações reverter mais este quilometro na estrada da barbárie brasileira, que já mata crianças e encarcera em prisões (caso do Eduardo) Vem ai, um oceano em nossa bunda. Mais o tsunami vai passar. Pena que com centenas de milhares de vítimas pelo caminho. 

Se dependesse desses conservadores, lobistas da bala, dos evangélicos e dos que flertam com militares, bem como os deputados espetáculo estilo Datena de programas violentos, sem crivo de setores minoritários da sociedade, seria como nos EUA, onde – dependendo do estado – a idade mínima prisional é de 10 anos. A Inglaterra também cabe (um caso inglês - estigma!) Melhor! Poderíamos ainda reforçar nossos preconceitos, imitando o Irã, onde as meninas podem ser presas a partir dos 09 anos e os meninos, dos 15 anos.


 Minha opinião é de que o ECA – estatuto da criança e do adolescente – já possui mecanismos que levam em consideração o adolescente infrator, até mesmo com encarceramento. Porém, as publicas públicas não existem: o que acontece é o encarceramento, isto é, tirar o problema da paisagem. O estatuto pode ser aperfeiçoado. As políticas públicas, por sua vez, precisam do mesmo empenho e aprovação que existe em torno da redução maioridade penal.

 Mas é isso gente: é a elite e todos os seus capatazes (sempre me lembro do Senhor Smithers, capataz do Sr. Burns dos Simpsons) dando escola para essa futura juventude, estimulando o associativismo civil: a escola e a associação dos PCCs, dos Comandos e Bondes. 


Água na Bunda.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Valeu, Mujica

“Querido pueblo, gracias. ¡Gracias por tus abrazos, críticas, cariño y, sobre todo, por tu hondo compañerismo cada una de las veces que me sentí solo en el medio de la Presidencia! No dudes que si tuviera dos vidas las gastaría enteras para ayudar a tus luchas, porque es la forma más grandiosa de querer la vida que he podido encontrar a lo largo de mis casi 80 años. No me voy, estoy llegando, me iré con el último aliento, y donde esté estaré por ti, contigo, porque es la forma superior de estar con la vida”(MUJICA).

Pepe Mujica já não é mais presidente do Uruguai.
...

SE governos medrosos como o brasileiro, que estão com seus limites arregaçados explodindo em contradições, como o caso do Partido dos Trabalhadores do Brasil, o pequeno Uruguai foi, em termos de política, um alento.

Enquanto governos como o brasileiro, o venezuelano e o argentino “dobram-se para esticar-se”, experiências na Bolívia, no Equador e no Uruguai tem se mostrado criativas e oxigenadas.

No caso específico do Uruguai, cito quatro leis que representam uma herança civilizacional de responsabilidade deixada por Pepe Mujica.
- Legalização do Aborto;
- Casamento Igualitário;
- Legalização da Maconha;
- Lei dos Médios;

Mas, não foi alimentando sonhos de hippies e maconheiros apenas... Dentro de seus anos como presidente, políticas educacionais e de habitação ganharam especial destaque. Pesquisando, encontram-se importantes políticas para afrodescendentes, também.

Foi responsável, já no primeiro ano, por uma impactante “modernização” do Estado uruguaio, a partir do Estatuto dos Servidores Públicos a pela aprovação da Lei de Parcerias Público Privadas.

Além disso, abriu território uruguaio para diversos refugiados, como os sírios, e recebeu prisioneiros de Guantámano, um dos pântanos morais estadunidenses. Foi um presidente com grandes esforços na integração latino americana, através do MERCOSUL e UNASUL.


Não foi um presidente que deixou de ser contraditório: nem todas suas promessas foram cumpridas, os serviços públicos especialmente na educação e saúde carecem de mais políticas, mas, ainda assim, possui um crucial papel simbólico num momento de desencanto com a política. Um exemplo: a anulação da Anistia Militar. Não deu.


A América Latina, entre direita e esquerda, volve sempre a experiências que priorizam um tipo de cidadania muito regulada pelo Estado, porém, sem grandes liberdades civis e políticas. O Estado não pode ser apenas “mãe”. Sempre bato nessa tecla já batida na academia: pelo conceito clássico de Cidadania (Marshall), o Brasil teria um longo percurso a seguir, com avanços políticos e de direitos civis.

Viva Mujica, humanista uruguaio. Bons momentos com Dona Lucía Topolanski, sua inseparável companheira de luta!

Para saber mais:


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

OBSERVATÓRIO: O Caso HSBC

De acordo com o vazamento, quase seis mil brasileiros possuem contas secretas, com valores que chegam a sete bilhões de dólares. Tudo claro, na surdina da Suiça.

Bancos tornaram-se abutres. Onde há dinheiro, legal ou ilegal, está com suas garras.

Aqui no blogue tem-se um sonegometro. Até o momento, já foram sonegados quase um ajuste fiscal inteiro sangrado do corpo governamental. Junto com a corrupção, leva parte considerável dos recursos para Cultura, Educação, Combate a Pobreza, Saúde, Ciência e Tecnologia,

O mais chocante, todavia, é o silêncio da grande mídia, aquela composta por apenas meia dúzia de Murdochs. Afinal, são contas de "donas de casa" especiais.

A seguir, uma copilação de matérias recolhidas pela Internet, que ajudam a entender o escândalo e sua profundidade. Poucos são os espaços virtuais de jornalismo que estão se atendo para o fato.

Agência Brasil
Ministério da Justiça vai a Suiça?
http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/171629

do Jornal 247
Apenas a ponta do Iceberg. "a matéria prima é o dinheiro"
http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/171629

Da Carta Maior;
Especial sobre Paraísos Fiscais;
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Especial-A-sonegacao-dos-ricos-e-a-maior-corrupcao-global/7/32919

Do blog da Cidadania;
HSCB: pico das aberturas foi durante a privatização do Estado promovida por FHC;
http://www.blogdacidadania.com.br/2015/02/abertura-de-contas-no-hsbc-suico-teve-pico-durante-privatizacoes-de-fhc/

Do Luis Nassif.
Contas Secretas do HSBC paralisam o mundo, menos o Brasil;
http://jornalggn.com.br/noticia/contas-secretas-do-hsbc-paralisam-o-mundo-menos-o-brasil

O silêncio do jornalista que sabia das contas.
http://jornalggn.com.br/noticia/fernando-rodrigues-o-alibi-para-sentar-em-cima-da-informacao

Receita Federal apura as contas secretas;
http://jornalggn.com.br/noticia/receita-federal-apura-operacoes-de-brasileiros-em-contas-secretas-na-suica

A lista dos brasileiros no escândalo;
http://jornalggn.com.br/noticia/a-lista-dos-brasileiros-no-hsbc-da-asia-atualizada

Do Rodrigo Vianna
HBSC, escândalo profundo;
http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/forca-da-grana/banco-hsbc-financiamento-trafico-ao-escandalo-das-contas-secretas-na-suica/

Do Observatório da Imprensa;
O Escândalo dos Outros;
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o_escandalo_dos_outros

Da Carta Capital;
O HSBC terá que se explicar;
http://www.cartacapital.com.br/internacional/promotoria-suica-vai-investigar-hsbc-por-lavagem-de-dinheiro-2548.html

Dinheiro de ditadores e criminosos, lucro do HSBC;
http://www.cartacapital.com.br/economia/hsbc-lucrou-ao-abrigar-dinheiro-de-ditadores-e-criminosos-internacionais-4881.html

As contas criminosas do HSBC não são uma excessão;
http://www.cartacapital.com.br/economia/as-contas-criminosas-do-hsbc-nao-sao-uma-excecao-2111.html

BBC Brasil
Há "um milhão" de dados por vir a tona, ainda.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/02/150217_herge_hsbc_mdb

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Formação: Especialização em Gestão Cultural ITAÚ Cultural (Módulo 01)

CURSO GESTÃO CULTURAL; MÓDULO 01- Curso de Especialização em Gestão Cultural (2009);
São quase dez horas de curso, num módulo introdutório. Ferramenta para capacitar-se para a gestão cultural e seus desafios e oportunidades.


I/6 "Conceitos fundamentais de cultura: das origens às novas perspectivas" Com Teixeira Coelho (Brasil) - curador do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e consultor do Observatório Itaú Cultural (São Paulo, Brasil) -, e Alfons Martinell (Espanha) - diretor da Cátedra Unesco

II/6 "Valores e marcos normativos de referencia para as políticas culturais" Com Alfons Martinell (Espanha)


III/6 "Análise e interpretação das mudanças sociais e tecnológicas e suas repercussões na cultura" Com Teixeira Coelho (Brasil)


 IV/6 "Políticas culturais em transição: diagnósticos sobre os grandes problemas das políticas culturais no quadro da política geral" Com Lucína Jiménez (México)
 

 V/6 "Políticas culturais locais como motor do desenvolvimento: os processos de descentralização e a aplicação de políticas de proximidade" Com Jorge Fernandez de León (Espanha)

 VI/6 "Cultura e governança: problemas de gestão da cultura no contexto atual. Aspectos metodológicos do curso e trabalho em rede" Com Teixeira Coelho (Brasil).

Sugestão de filme: Pride (2014).

Vi um bom filme, comédia com ótima fotografia, bons diálogos e um roteiro muito jovial: PRIDE (Orgulho). O diretor inglês Matthew Warchus, que tem algumas direções importantes no teatro inglês, nos acerta com uma “pervertida” história de solidariedade, realmente ocorrida nos duros tempos de Margareth Thatcher do início dos anos 1980.

  PRIDE-610x250 Gays e Lésbicas se unem a greve dos mineiros, que se espalhou pelo reino de sua majestade, testou o governo conservador, durando um ano e atingindo duramente a classe trabalhadora britânica. Assim o grupo (Lésbicas e Gays Apoiam os Mineiros) ajudam com arrecadação de dinheiro e doações. E, num interior profundo do País de Gales, micro-histórias tornam-se explosões de humanidade, quebrando preconceitos, articulando diálogos entre gerações de gente, de carne e alma. Nestes tempos de fragmentação de movimentos, um momento histórico digno de registro. E, além de tudo, hilário cinco estrelas.

 

 Assistir online: o_melhor_da_telona: http://www.omelhordatelona.biz/pride-2014-legendado/

Observatório Político: A febre do impeachment;

impoeachmentOs ventos retumbantes oriundos da seca política brasileira sussurram a hashtag do momento: é #impeachment. A aridez de ideias leva a terrenos desertificados. Deserto que vai crescendo, comendo terra fértil, vomitando asperezas que mínguam sutis, mas frescas transformações.
O PT fez governos históricos, mas, em minha bruta opinião, caminha para sua peemedebização, baseada em cacicagem regional e na perda do trem da história para pautas importantes para a ampliação dos direitos políticos e civil das pessoas. Conceitos estranhos, como Governabilidade, tornaram-no um partido fiel ao quadro nacional, medroso de ir adiante em reformas essenciais.
Agora, em seu quarto governo consecutivo eleito pelo voto popular, o PT comando um país ainda vastamente complexo. Nele, vitórias retumbantes, como a saída o mapa da fome e as políticas de valorização do salário mínimo, e a universalização de algumas políticas públicas, como o programa Bolsa-Família, caminham lado a lado com chacinas promovidas pelo Estado, o encarceramento dos pobres, o ataque e avanço do poder das grandes corporações, a concentração de propriedade e riqueza.  Tudo isso engrossado pelo coro midiático monopólico que possui lado político, num ambiente de corrupção endêmica em todos os três níveis de governo.
Enquanto isso, o governo brasileiro, silenciosamente, cortou as línguas de seus ministros.  Pouco do se fala, ajuda no ambiente político. A presidente diminuiu-se perante o ministro Chicago Boy Levy. A presidente não trouxe nenhum plano para sua empreitada inicial, que todos sabiam que seria dolorosa e neoliberal. Ou, lhe falta agenda positiva. Pra onde vamos enquanto governo e suas propostas? Ao governo, não basta listar programas como se estivesse em propaganda eleitoral, citando PROUNI, PAC, Minha Casa Minha Vida, etc. Ao governo, cabe estimular futuros.
O congresso nacional tornou-se terra do eterno patinar do presente, mesmo que gente de baixo clero moral entoam cantigas de vitória com sabor de passado. O Judiciário possui medidas de segurança para que sua caixa de pandora de surpresas nunca seja aberta, fortemente lacrada; Ambas as instituições deveriam republicanas, mas, com seus comandantes monarquistas, engolem privilégios enquanto arrotam nas muitas caras da nossa diversificada sociedade.
As oposições políticas brincam como criança: o PT fez “Fora FHC”, a gente faz também; o PT fez oposição brava, a gente também faz. Projeto de país, nenhum, apenas a deriva, a rebote e repique de manchete na mídia, sua principal contribuidora.

Segue um clipagem com a #hashtag do momento; cabe acompanhar e estar do lado do fortalecimento da democracia, não do golpismo. Quer dizer, trata-se de uma reunião de textos em alimentação ao rechaço tal tese golpista.
As estratégias anti-impeachment (Luís Nassif –  htp://jornalggn.com.br/noticia/as-estrategias-anti-impeachment)
Impeachment Já! (Roberto Tardelli – http://justificando.com/2015/02/10/impeachment-ja/)
É hora da baixar a bola e pensar no Brasil (Ricardo Kotscho – http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2015/02/07/hora-de-baixar-a-bola-e-pensar-mais-no-brasil/)
O mau humor da esquerda com Dilma (Carta Capital – http://www.cartacapital.com.br/politica/o-mau-humor-da-frente-de-esquerda-com-dilma-7500.html);
P preço da inação (Maria Inês Nassif – http://cartamaior.com.br/?/Coluna/O-preco-da-inacao-politica/32856)

Evento: VI Seminário Internacional de Políticas Culturais: inscrições de trabalhos.

201412291014510.logo_160O setor de Pesquisa de Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa comunica que estará recebendo, entre os dias 1 de fevereiro e 1 de março de 2015, propostas para apresentação de trabalhos no VI Seminário Internacional de Políticas Culturais*. Serão aceitos somente trabalhos que tenham como foco a área de políticas culturais. O objetivo é a apresentação e discussão de estudos que promovam a reflexão e o debate entre estudantes, pesquisadores, professores e demais profissionais que atuem ou tenham interesse na área de políticas culturais.
:: Das inscrições:
Poderão submeter trabalhos estudantes de mestrado e doutorado, mestres, doutores, gestores e professores de instituições de nível superior. O número máximo de autores por artigo será de três.
As inscrições serão aceitas mediante o envio do texto completo, que deverá ter entre 10 e 15 laudas (incluindo as referências bibliográficas). Os textos deverão ser enviados em Times New Roman 12, espaço 1,5 e estar em formato Word. O arquivo deverá ter o nome do autor (ou do 1º, quando houver mais de um).
Na primeira página do texto devem constar os seguintes itens: título do artigo centralizado, em caixa-alta e em negrito; nome completo do(s) autor(es) alinhados à direita, indicando em nota de rodapé o grau de formação, vínculos institucionais e e-mail; resumo de 5 (cinco) a 10 (dez) linhas, com espaçamento simples; e 3 (três) a 5 (cinco) palavras-chave.
O envio do trabalho deverá ser feito exclusivamente por e-mail, para o endereço politica.cultural@rb.gov.br, constando em assunto “submissão de artigo”. Inscrições gratuitas.
*O VI Seminário Internacional de Políticas Culturais será nos dias 26, 27, 28 e 29 de maio de 2015.

Reflexão: Política Pública e Financiamento a Cultura


lei-rouanet2Juca Ferreira e o financiamento à cultura no Brasil

Antonio Albino Canelas Rubim | Pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) | rubim@ufba.br
O ministro da Cultura tomou posições importantes acerca do fomento à cultura e suas leis de incentivo no país. Em entrevista, ele declarou: “Sou bastante crítico à Lei Rouanet e formei minha opinião com base nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A lei criou uma ilusão de que haveria uma parceria público-privada financiando a cultura. Não é verdade”.
Juca Ferreira chama a atenção sobre um ponto crucial das políticas culturais nacionais atuais: sua unilateral política de financiamento.
As declarações do ministro baiano foram imediatamente repercutidas na imprensa sudestina de modo crítico. Produtores e profissionais da cultura, instalados no Sudeste, emitiram opiniões contrárias a Juca Ferreira. Explicável: 80% dos recursos captados via Lei Rouanet ficam nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro; 60% vão para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e 3% dos proponentes recebem 50% das verbas incentivadas. Os dados chocam pela brutal concentração. Ela supera mesmo a soma das atividades econômicas daqueles estados. 340x255_juca-ferreira_1492361
Os problemas não se encontram apenas na concentração dos recursos incentivados. Quando o ministro afirma que a lei não representa parceria público-privada, ele deve se basear em dados do próprio Ministério: em 18 anos de Lei Rouanet dos R$ 8 bilhões acionados, só R$ 1 bilhão veio de empresas, muitas delas estatais.
Ou seja, criadas para incentivar a captação de recursos empresariais e privados para a cultura, as leis não trouxeram recursos novos, pois a imensa maioria deles foram verbas estatais. Mais grave: estes recursos, públicos em sua quase totalidade, passaram a depender da deliberação das empresas e seus departamentos de marketing. Neste sentido, de modo perspicaz, Juca Ferreira classificou as leis como “ovo da serpente neoliberal”.
Não bastassem estas enormes distorções, que desvirtuam profundamente o fomento à cultura, as leis de incentivo, no singular formato adquirido no país, implicam outras repercussões problemáticas. Prisioneiras de interesses mercadológicos, as leis tendem a apoiar atrações de apelo mercantil e/ou eventos de visibilidade, excluindo todos os criadores, manifestações e produtos culturais, que não se submetam a tais critérios.
Ou seja, as leis de incentivo não possuem capacidade de universalizar o fomento à cultura. Como elas representam hoje 80% do financiamento do estado nacional à cultura, mais um grave problema se configura.
O descompasso entre as políticas de financiamento, centradas nas leis de incentivo, e as políticas de diversidade cultural, quase inviabiliza a realização de tais políticas no país. Desde o governo Lula e seus ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira, o Brasil adotou políticas de diversidade cultural, em sintonia com a cena internacional contemporânea. Elas reconhecem a riqueza cultural da nação como proveniente da diversidade cultural, que conforma o país e constitui a identidade brasileira.
As políticas de promoção e preservação da diversidade cultural exigem políticas de fomento de caráter universal, compatíveis e compromissadas com a diversidade da cultura no Brasil. Como as leis de incentivo não perfazem este requisito, a centralidade destas leis nas atuais políticas de financiamento comprometem as possibilidades de desenvolvimento das políticas de diversidade cultural. Para sua plena realização, elas demandam novas políticas de financiamento atentas à complexidade da cultura brasileira. Com o Ministério da Cultura atento ao problema, cabe apoiar ativamente mudanças tão necessárias ao país.

Opinião: Alguns temas que poderiam ganhar relevância nas Políticas Culturais de Dilma II

politicas-culturais
E pra você, quais poderiam ser as prioridades do futuro ministério da cultura?

a) Revalorização do Programa Cultura Viva – Pontos de Cultura;
O mais importante momento das Políticas Culturais no Brasil deu-se pela via do Programa Cultura Viva, especialmente pelos Pontos de Cultura. Pode-se afirmar que, na área Cultural, foi a mais revolucionária das políticas públicas levadas a cabo no país. Foram testados e experimentados durante os dois governos de Lula, mas, já no final de seu governo, em 2010, os Pontos de Cultura perdiam espaço para a burocracia inflexível da máquina pública federal. No governo Dilma, quase sumiram. O desafio é harmonizar o programa, discutir o papel da burocracia frente aos agentes beneficiados pelo programa (desde indígenas, quilombolas a artistas e coletivos, muitas vezes sem grandes conhecimentos da burocracia) que se mostram complexos. A participação dos Tribunais de Conta são fundamentais. Novos editais, ampliação dos recursos, diálogo com os movimentos e redes que surgiram com os Pontos, são desafios adicionais neste Ponto de Política Cultural. E onde estão todos os desdobramentos do Cultura Viva, como o Cine Mais Cultura, o Mais Biblioteca, dentre outros?
Os Pontos de Cultura, ainda, contribuem decisivamente para um alargamento e democratização do equipamento cultural, tão ausente em cidades de pequeno e médio porte, espaços físicos e simbólicos de inventividade e cidadania. Nem todo equipamento cultural precisa do frio do mármore.

b) melhoria da qualidade federativa, da descentralização e da participação nas políticas culturais;
É preciso qualificar as atribuições, responsabilidades e financiamentos em torno da Cultura entre União, Estados e Municípios. No país, as políticas de cultura e de patrimônio histórico material e imaterial são responsabilidades destes três entes. Neste sentido, o Sistema Nacional de Cultura (SNC) deve ser aprimorado; os Sistemas Estaduais de Cultura aprofundados; e os Sistemas Municipais difundidos. Eles são importantes ações no sentido de uma articulação federativa e sistêmica nas políticas culturais. Poderá, ainda, atacar desigualdades estruturais da institucionalização e gestão cultural;

A Funarte precisa nacionalizar-se!

download (1)Os instrumentos do SNC, como os Planos de Cultura, Conselhos e Conferências Municipais, Estaduais e Federal devem tornar-se política pública central de diálogo e participação social, ampliando o controle social sobre as gestões culturais; Os Sistemas de Informação Cultural podem ser peças elementares na qualificação e descentralização das políticas culturais, através de informações, estatísticas e indicadores culturais; O Conselho Nacional de Política Cultural e a Comissão de Incentivo a Cultura devem ter protagonismo, com ampla participação social.
Outra questão fundamental é atacar, finalmente, as distorções na Lei Rouanet, com a aprovação do PROCULTURA e o fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura e os respectivos fundos estaduais e municipais;
É fundamental radicalizar a política de Editais: não dá para ter prêmios pequenos para uma demanda tamanha de proponentes. Vide editais da FUNARTE.

c) desigualdades na infraestrutura cultural entre as regiões.
Num país com pouco consumo e fruição cultural e artística e ausência de infraestrutura física, financeira e institucional para ações, projetos e programas na área cultural,  com grande desigualdade na distribuição dos equipamentos culturais e recursos financeiros entre as regiões, bem como diferentes abordagens dos governos neste campo, o tema da desigualdade/concentração merece olhar atento das autoridades. Os Centros Unificados de Cultura – CÉUS – são boas iniciativas, mas não bastam. Cinemas, Teatros, Bibliotecas, espaços expositivos e de socialização precisam ganhar recursos e pipocar pelos municípios.
As grandes crises diante de nosso cotidiano, como a falta de água, demonstram que é hora e vez de investir em pequenas e médias cidades. É necessário equipamentos culturais, financiamento de ações, presença do Ministério da Cultura, a criação dos Sistemas Municipais de Cultura... É fundamental que tais cidades possuam praças, parques, cinemas, cineclubes, teatros, livrarias e bibliotecas, espaços para música, museus, Pontos de Cultura, Internet etc. Como o MINC pode participar desse esforço multigoverno?

d) reaproximação entre Políticas Culturais, Artes, Escola e Universidade;
Num país com grandes déficits em infraestrutura cultural, a existência de Escolas e Universidades deve ser encarada como um olhar diferente: além de reunir públicos culturais distintos, em momentos fundamentais de suas vidas, possuem espaços e estruturas que podem potencializar as políticas culturais, especialmente no espaço municipal. Programas como o Mais Escola e o Mais Universidade precisam ter recursos e continuidade. A Escola em Tempo Integral e as Políticas Culturais poderiam formar uma bela parceria. É investimento em Capital Cultural.

e) aprofundamento da gestão cultural norteada por um olhar abrangente para a Cultura, incluindo novos agentes culturais;
O Ministério da Cultura havia iniciado um diálogo muito interessante com outros segmentos sociais, beneficiados por outras políticas públicas em ministérios distintos, como quilombolas, indígenas, ciganos, populações LGBT, culturas populares, juventude. Essas políticas continuam, mas, precisam ser aprofundadas. Além disso, essas políticas promovem diálogos entre estruturas do governo federal. Não bastam apenas Editais…, as políticas culturais nessa direção devem continuar a ampliação dos agentes contemplados pelo MINC com ações que devem ter participação social, voltadas a realidade desses grupos socioculturais.

Além disso, é estimular a cidadania cultural; é participação social militante!

f)um olhar mais atento para a questão da integração regional e de políticas culturais para as Industriais Culturais e da Economia Criativa no âmbito do MERCOSUL;
downloadA verdadeira integração no MERCOSUL passará pela dimensão cultural. Políticas de coprodução em diversos segmentos, como Cinema, Musica, Teatro, Dança e tantas outras devem conter fontes de financiamento; a institucionalização das políticas culturais no âmbito dos Estados-Membros e a equalização das desigualdades precisa ser considerado pelas instâncias de poder do MERCOSUL; políticas de estímulo ao patrimônio material e imaterial, ao turismo cultural e a diversidade étnica das populações dos países integrantes devem estimular a circulação de pessoas; os governos devem constituir instituições e políticas para alavanca a Diplomacia Cultura dos e entre os países do MERCOSUL.