Fora Temer

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quarta-feira, 22 de abril de 2015

As dimensões Risco e Incerteza nas políticas públicas;

O Youtube e Noticiários comprovam: passamos de consumidores de filmes como o eletrizante clássico “Twister”, dos anos 1990, para atores de cenas realísticas de alta intensidade que nada devem a ficção. Em minutos, ventos de até 250 km/h arrancaram edificações, plantações, patrimônios naturais, culturais e sonhos de trajetórias individuais e familiares em Xanxerê e Região
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E daí, automaticamente aparece em minhas memórias, cenas de 1983 e 1984, botes, helicópteros, lonas e uma visão privilegiada do alto do morro da Igreja de Riachuelo, em Lontras, SC. E lembro-me de nosso 2008, tão vívido e impactante ainda, como tinta de uma casa recém pintada na cor barro vermelho.

E chego a uma hipótese: se o Vale é do Itajaí, quem comanda são os homens e mulheres firmes na ilusão de uma falsa segurança, balizada pela dominação de agentes econômicos, científicos, políticos e intelectuais com poder de apontar uma Modernidade de progresso. Coisa démodé.

Beck discute a diferença entre Risco e Incerteza, do ponto de vista sociológico. O que aconteceu em Xanxerê é um fenômeno carregado de incertezas – o segundo grande tornado catarinense, o primeiro foi o Catarina (2004), ambos sem registros anteriores – diante de um cenário de intervenção humana radicalizada sobre a paisagem natural e cultural.

Um morro sempre teve a probabilidade de deslizar, Mas, quando centenas de casas construídas, traz consigo cenários de incerteza e insegurança que acompanha tal ocupação, ampliando os riscos possíveis.

Quer dizer, estamos numa época em que decisões políticas precisam ser tomadas; e ações iniciadas; baseadas em alto custo socioeconômico.

Risco e incerteza dependem, em grande parte, de conhecimento perito, informação e poder, assim como a capacidade de definir as políticas públicas e quais serão suas dimensões. Já dissemos que a Modernidade, em razão dos agentes que dominam a cena pública contemporânea, incute um futuro ainda repleto de ilusões, com mais benefícios que riscos.

Um grande problema no campo dos governos é a ausência dessas dimensões – Risco e Insegurança – nas grandes obras e ações de planejamento urbano de nossas sociedades, ávidas agora por especular com imóveis e terrenos ou ganhar dinheiro via monocultura intensiva de latifúndio. Apesar disso, elas se impõem cotidianamente, como comprovam todos os desastres socioambientais onde pudemos observar o despreparo de autoridades e sociedades para a prevenção e enfrentamento dessas incertezas e riscos.

Como se disse, no caso das políticas públicas, nem todos podem participar das discussões de quais serão as dimensões eleitas e incorporados por tais políticas. Trata-se de um tipo de recurso ou poder, que legitima dominações. Estão cegos os que jogam para o futuro decisões políticas de custo presente, apenas por continuidade de projeto político.

Uma região como a do Vale do Itajaí deveria possuir um consórcio incluindo todos os municípios a fim de harmonizar políticas comuns contra nossos riscos de enchentes e deslizamentos, no cenário de modificações urbanas que trazem incertas e inseguranças, tamanha a intervenção humana.  Parte da ação depende do envolvimento da sociedade civil. Não será difícil, como demonstram pesquisas que apontam para a capacidade associativa nas cidades do Vale do Itajaí. Falta o associativismo tornar-se rede, sair do “cada um no seu quadrado”.

Entre as futuras pautas d@s futur@s candidat@s a vereador(a), prefeit@, em 2016, é preciso políticas públicas de enfrentamento a riscos e incertezas socioambientais e culturais em todas as políticas públicas. Se existem políticas sociais e setoriais, como elas incorporarão o risco e a incerteza, seja ela uma política de desenvolvimento ou assistência social.

As incertezas ampliadas pela ação humana estão ausentes do debate político e social. Nossos administradores, nesse quesito, estão desqualificados, lesionadores do futuro que são em suas motivações egoístas.

BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony; LASH, Scott. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1997. 

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